quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Pontos de Interseção

 

   O que ela enxerga do alto é uma linha reta. Subitamente, no entanto, ela se vê na linha. A perspectiva dentro-fora se altera constantemente, sem um padrão seguido, sem a submissão a uma vontade.

   O olhar percorre a tal linha e percebe os pontos de interseção. Eles são múltiplos e também não seguem uma lógica, aparentemente.

  Na maioria das vezes, apesar de ver as interseções, ela não compreende o sentido delas de imediato.

  Alguns pontos ela ignora, já que as circunstâncias externas atrapalham a sensibilidade de percepção. Lamenta-se por isso, porque a essência foi perdida; logo, não se incorporou à caminhada, ainda que concretamente presentes.

   Há alguns pontos de encontro que são extremamente  peculiares: marcam pela intensidade do contato, pelas trocas que deles decorrem. Não são só trocas materiais; são fluxos de energia através dos quais se é possível captar, sentir, vibrar além e para além de tudo que se percebe comumente...

   Rapidamente, o instante  se esvai. Já que só um ponto, não faz sentido querer prolongá-lo, querer dimensioná-lo ou querer aprisioná-lo. No entanto, mesmo sendo o instante, ele existiu e constituiu a reta e constituiu planos.

  Daí, quem sabe, também horizontes e nortes.

Um comentário:

  1. Se partirmos do ensinamento das aulas de Desenho que toda reta ou figura geométrica nada mais é que um conjunto de pontos, podemos aceitar que alguns pontos se prolonguem além de si mesmo, acompanhando nossa trajetória na reta (e aí eu te pergunto: seria msm uma reta?) ou a interceptando em colinearmente mais que um momento.

    Aiai...minha aulas de desenho...hahahaha

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